ELEIÇÕES NOS USA E OS TAPETES

By , 05/11/2024 1:36 pm

Moro nos Estados Unidos desde os primórdios do século XXI. Quando cheguei, George W. Bush ainda estava em seus primeiro mandato. E durante todo esse tempo, além das minhas leituras habituais que incluim questões do Narcotráfico e das economias deliquenciais, lutas emancipação dos povos, Sociologia, Teoria Literária, História, Geografia/Estratégia, Moda, Economia, Luta pela terra, Diplomacia do Vaticano e outros tantos temas, me dediquei a um profundo estudo da História dos Estados Unidos e, principalmente do comportamento do povo americano.

Dito isso, quero lhes dizer que tenho grandes, alegres e tristes gargalhadas ao ler o fervor com o qual alguns jornalistas brasileiros e os grandes jornais do meu país torcem e usam toda sua energia e criatividade para nos convencer a nós brasileiros sobre os candidatos à presidência desse que já foi o mais poderoso país do planeta.

Gente, que vexame! A começar pelas manchetes;

#oglobo

“COMO UMA VITÓRIA DE KAMALA HARRIS OU DE DONALD TRUMP NOS EUA AFETARÁ OS BRASILEIROS?”

#CorreioBraziliense

“O MUNDO À ESPERA DO VOTO DOS EUA”

#FolhadeSãoPaulo

“VEJA OS 7 CAMINHOS PARA TRUMPO OU KAMALA CHEGAREM À CASA BRANCA, E PARA O EMPATE”

Desculpando o uso da vírgula em manchete na Folha de São Paulo, são longas matérias com cada um dos coroados comentaristas e jornalistas deixando transparecer suas preferências eleitorais nas eleições do Império, louvando um sistema que agoniza com a certeza de que impressionam o distinto e escasso número de leitores.

Leio de tudo. Dos três grandes jornais nacionais, aos blogs mais insignificantes. Gasto mais de quatro horas dos meus longos dias (dia de aposentado tem mais de 24 horas) a ler noticiários de jornais daqui mesmo e blogs não apenas do meu país, mas também da terra onde vivo e da França, Moçambique, Argentina, Portugal, Inglaterra, Alemanha, Angola, Al Jazeera, El Haaretz. Minha leitura só ainda não avançou pela Ásia porque ainda não senti apetite para ir tão longe.

E hoje, as notícias fervilham com a chegada do “grande dia”. É mais do que óbvio que o futuro ocupante da Casa Branca ainda tem um poder imenso, um poder de destruição de países e nações e até mesmo de levar um povo ao total aniquilamento. Até aí todos nós sabemos.

Mas o que não sabemos, é a total indiferença com a qual essas bilhões de letras organizadas em milhões de palavras e milhares de frases ditas pelos jornais e comentaristas de televisão, rádio e spotfies, etc… são tratadas com desdém, com a total indiferença não só pelo povo americano mas, principalmente pelo sistema que comanda os EUA.

A começar que os assessores dos poderosos sequer incluem esses textos nos clippings oficiais. De vez em quando um assessor querendo ver o chefe relaxar, lê um parágrafo ou outro de jornalistas e outros iluminados do Terceiro Mundo. E riem.

Os comandantes do sistema snão perdem tempo nas observações. Não lhes interessa. Desconhecem completamente os mervais, os sakamotos, os kennedys, os josias (esse o nome já vem no plural, facilita) e outros do mesmo calibre.

Assessores dos dois candidatos sequer concedem uma atenção mínima aos tantos brasileiros migrantes legais ou ilegais que vivem nas periferias do “American Way of Life”e que torcem por um candidato que diz, em letras garrafaism que vai continuar sua política de “caça aos migrantes”.

Gente eu sei, tenho clara consciência da importância dessas eleições no teatro político internacional. Obviamente as matérias tinham que estar com destaque na primeira página. Mas a uniformidade das manchetes é que me choca. Com todo o seu poder, os EUA dependem também da China e da Europa, da Russia, do Vietname para se manterem na corda bamba do poder político nesse jogo de xadrez. E como sabemos, Putin e Li Qiang jogam xadrez, enquanto os mandatários dos Estados Unidos só sabem jogar peteca, ou basquete.

Sem contar os aliados que, bem ou mal pesam na balança e mantém um poder fictício, baseado apenas na tradição, mas não despertam esse furor informativo. Refiro-me à França e Inglaterra.

E nenhum desses países mereceu tanta manchete como as eleições dos Estados Unidos. Subserviência?

Para aqueles que exercem o real poder dentro de um país que, copiando os deuses do Olimpo decidem que civilização da Terra tem direito a viver ou a morrer, essas manifestações de simpatia ou antipatia ou ódio ao Império são um zero ou milhões de zeros à esquerda.

O tratamento que dispensam a nosotros os #cucarachos do planeta é o mesmo. Eles sequer se surpreendem com esse comportamento servil.

Afinak de contas eles tem absoluta certeza de que não passamos de tapetes do chiqueiro e assim nos tratam.

Desde que haja carne moída para um hamburguer, tanto lhes faz o que pensamos.

O DESESPERO DO BEIJA-FLOR

By , 27/09/2024 1:27 pm

(Flashes de um furacão)

Era como se Rosa, a mãe de todos os ventos tivesse reunido toda sua família. Siroco, Alísios, Minuano e até o mitológico Zéfiro estavam ali nos meus hectares de felicidade.

E agora, lá fora, meu jardim brilha com a luz do sol que hoje se abriu, depois de 15 horas sob a ameaça de um dos mais fascinantes fenômenos da Natureza, o furacão. Pode ser mortal, deixar rastros de destruiçãp, mas sua força fascina.

Ontem quando ele começou a se espalhar fui ao jardim para abraçar o vento. E fiquei de braços abertos por muito tempo até começar a chuva que nem foi tão impressionante. Quando abraço o vento, me sinto absoluta.

Mas, no meio de toda essa excitação diante do poder desse fenômeno, paralisei. Vivi momentos de angústia com o desespero de um beija-flor. Ele estava exausto de voar contra a ventania. Procurava um lugar para se abrigar. Abri a porta do jardim de inverno. Fiquei segurando a porta. Ele não entendeu o convite. Voava entre a parede e um galho do carvalho que não oferecia a mínima proteção. Eu queria pegá-lo mas sabia que ele se rebelaria com meu gesto. De repente ele encontrou. Era o entrocamento de dois galhos. Ele cabia direitinho e se aninhou como se tivesse voltado para um útero.

Relaxei e voltei para abraçar o vento novamente quando uma folha seca tentava desesperadamente se manter no chão, sem voos, só se manter no chão para ser arrastada porque ela sabe que sua tarefa a partir de agora é se juntar às outras folhas secas e criar um manto para proteger o chão contra o frio do inverno. E a folha que já havia perdido um pedaço, continuava sua luta até que, quanta sorte, encontrou folhas verdes do gramado do jardim e criou seu escudo porque estava presa entre entre elas.

A chuva forte continuava, os ventos permaneciam impiedosos chIcoteando os bambus, os carvalhos, os ipês.

E agora tudo voltou ao lugar como se apenas uma banda tivesse passado cantando coisas de amor.

MINISTRO E CONTRAVENTORES NO MAR EGEU AIDE-MÉMOIRE

By , 24/09/2024 1:28 pm

#ATT NUNO MARQUES A/C IMPRENSA EM GERAL

Será que meus coleguinhas jornalistas se esqueceram que além do governador Ronaldo Caiado havia uma outra importantíssima figura do mais alto e incontestável poder da Repúblicano no iate dos contraventores, dois dos quais, foragidos. Além de GUSTTAVO DOIS TÊS, dois dos seus amiguinhos com prisão decretada e fugidos do Brasil douravam-se ao sol do verão grego.

Vocês se lembram em plena crise do bloqueio contra as empresas de Musk no Brasil? Lembram-se que NUNO MARQUES votou com ALEXANDRE DE MORAES e, para a votação do plenário foi escolhido relator da matéria?

Vocês se lembram que ele viajou para a Europa em pleno processo. Mais especificamente para a Grécia e que na Grécia foi para Mikonos se encontrar com seu amiguinho DOIS TES, que por sua vez dera guarida para dois foragidos no própio iate?

Vocês se lembram que o presidente do STF, ministro Barroso, passou toalhinhas quentes no passeio de NUNO MARQUES dIdizendo que ele foi conhecer “aspectos jurídicos de interesse” em Roma?

E como nós, massa ignara sabemos, Roma fica na fronteira de Mikonos, ali onde o Egeu faz a curva e sonha ser Mediterrâneo.

Hora de especular porque um ministro da mais alta corte do país interrompe o trabalho de relatória de um processo vital para ir a Roma (Roma?) e encontrar amiguinhos num iate.

Quem pagou a viagem? Nós ou os contraventores?

Qual exatamente o assunto inadiável para um ministro-relator embarca para Roma/Mikonos exatamente no fim de semana da festa dos contraventores?

O quê e com quem NUNO MARQUES conversou nessa festa?

Foi dar “assessoria jurídíca” gratuita ou Midas entrou na jogada?

Acho que nós, povo brasileiro precisamos dos devidos esclarecimentios sobre a viagem. Afinal de contas, o salários, as mordomias e os caprichos dessas autoridades são pagos por nós.

ESTAÇÃO VOLÚVEL

By , 16/02/2024 3:08 pm

Nem sei se é sintoma das mudanças climáticas, só sei que esse ano, o inverno transformou-se na mais rica das estações. As temperaturas ainda exigem um casaco. Mas não um manteau, cachecol e luvas. Em compensação, os passarinhos começaram a cantar nas árvores do jardim, como se fossem arautos da primavera. E algumas flores, despontaram. Digo despontaram e não desabrocharam por uma razão simples. Desabrochar é um processo lento, semelhante à transição da infância para a adolescência. Despontar é sempre inesperado, rápido, do dia para a noite, elas surgem vibrantes. A prova está aí, na primeira imagem.

Mas o chão, coberto de folhas que continuam despencando das árvores, é a cara do outono, quando as folhas lentamente fabricam o manto que vai cobrir e proteger as raízes do fundo da terra contra o frio do inverno.

E o inverno continua presente no abacateiro de flores queimadas pelo frio. Mas não tente arrancar essas folhas. Elas continuam lá, esperando suas sucessoras que já despontam bem aos seus pés.

A única estação fora dessas festa é o verão. O inverno jamais convidaria o verão para esse encontro amistoso entre as estações do ano. E as três estações que Vivaldi nuca viveu, distribuem-se harmoniosamente no meu jardim.

FINALMENTE

By , 16/02/2024 12:16 pm

Braga Netto, Augusto Heleno e outros militares menos jornalisticamente glamourosos, investigados.

A nudez moral exposta ao vulgo. Mas eu ainda estava insatisfeita. Sentia falta de um elemento no mosaico assustador construído pelo ex-presidente de corpo disforme e alma pútrida.

Ontem, finalmente, nas franjas da “Tempus Veritates” a investigação que escancarou as podres entranhas de um pensamento que ainda frequenta integrantes das Forças Armadas surgiu a figura grotesca de mais um personagem. Um personagem sinistro que condenou a população de Manaus que se contaminou pelo Covid a morrer não em fornos crematórios ou câmars de gás. Apenas negando a elas o direito de respirar, porque não comprou oxigênio e , ao mesmo tempo, fazia sua caixinha para ser eleito deputado federal, como se a Câmara dos Deputados, a nossa casa fosse valhacouto. Lá está ele, Eduardo Pazuello.

É mais um golpista nu em praça pública. Ainda bem que é nudez moral porque se fosse física, como se não bastasse o que passamos, seríamos submetidos também a um atentado à estética.

E, para completar o início da Quaresma que é tempo de reflexão, ontem também a organização criminosa da família que dominou o Brasil por quatro anos deu as boas vindas ao seu mais novo elemento. Jair Renan foi indiciado. Crimes pequenos por enquanto. Lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Ele estava apenas em treinamento para receber o distintivo da gang.

MAMÃE EM VENEZA

By , 13/02/2024 12:23 pm

Budapest sempre foi uma cidade que me atraíu. O fato de saber que em 1900, aquela cidade vibrante abrigava 19 jornais diários, além de ser a terra de tantos escritores que me fascinam, são motivos suficientes.

Estava com mamãe em Paris e decidimos ir a Viena, que fica a três horas de Budapest. Além disso, eu tinha uma “tarefa” política. Não falei da tarefa para ela. E nem podia. Era um tanto arriscada. Insisti muito para irmos à capital daquele país cuja língua é alófila e, segundo Chico Buarque, “até o Diabo respeita”. Mamãe recusava. Até que decidiu negociar e disse, “só vou a Budapest se você aceitar ir comigo a Veneza”. Era minha vez de recusar. Nunca tive atração por Veneza porque sempre tive certeza de que era um cidade cenográfrica criada pelos estúdios de Hollywwod. Mas, eu queria e precisava ir a Budapest.

Aceitei.

O Muro de Berlim havia caído pouco tempo antes e os países que integravam a União Sovética viviam um certo tumulto. Na fronteira, fomos paradas. Não tínhamos visto. Como assim, me dão todas as informações para chegar, me dão os microfilmes e não me avisam do visto.

Entrei em pânico. Morta de pânico não por causa do pobre do funcionário da fronteira com um casaco que não segurava aquela temperatura. Meu pânico era mamãe descobrir o quê eu estava aprontando. Depois de várias negociações das quais participou o embaixador do Brasil, fomos liberadas. Entramos naquele país que exerce em mim tanto fascínio.

Hotel Géllert e a única língua que eles falam além de húngaro é alemão. Ainda bem que sei alguma coisa de alemão e de fome não ia morrer. Cumpri a tarefa e só contei pra mamãe quando ela fez 80 anos. Ela só fez rir.

Mamãe amou Budapest. Passamos o tempo andando a pé por Pest, e o Danúbio, cinza.

Enfim, voltamos e eu assim um tanto reticente porque ia chegar em Veneza. Não estava psicologicamente prepara para uma cidade cenográfica.

Mal descemos na estação meu coração disparou. Fiquei tonta. Foi como se o planeta tivesse parado rotação e translação. Mamãe foi descansar e eu andei pela cidade sozinha, sem me perder, por mais de cinco horas. Não era cenográfica. Era a cidade onde os anjos dormem e a única rima que encontrei para descrever foi “Beleza”.

No dia seguinte, muito, muito frio, fomos andando para encontrar um lugar simpático para almoçar. Mamãe parou em frente ao mar Adriático. Havia gôndolas ao fundo e eu disse, “pare, minha senhora. Eu quero essa foto”

E aí está mamãe. Linda

MAVUTSINI NO COMANDO

By , 16/08/2023 1:06 pm

É assim. Eles fazem estudos de impacto ambiental sentados no sofá e escritos a lápis. Depois apagam o que parece incômodo aos governantes e, começam a tocar a obra. Polêmicas, discuros revoltados, patati-patatá, destróem patrimônios naturais, patati-patatá.

Inauguram a obra. Enchem o peito de orgulho patriótico. Discursos, patati, patatá. E lá se vai a água jorrando para gerar energia. Tudo bem, tudo bonito na festa e a Natureza morta olhando os convidados com tristeza, desespero e desprezo.

Inauguraram Belo Monte, destruiram um rio inteiro, exatamente o Xingu, o “rio da cultura nacional,” segundo o antropólogo Eduardo #Viveiros de Castro, para quem tiro o chapéu em sinal de respeito ao seu conhecimento.

A energia começou a ser gerada.

Embora vulgares nos seus sonhos e realizações, sentiram-se deuses e sairam anunciando “Faça-se Luz” e o coro, “E a Luz se fez”.

A mata observando calada diante daquele erro estúpido, os ribeirinhos sem peixe, os índios traumatizados E o patrimônio natural da humanidade, a Volta Grande do Xingu, uma foto na parede.

Mas eis que os Diabos – todos eles. Não faltou nem Lúcifer e nem Kanaimé -, sempre alertas, perceberam o erro. Perceberam, mas se calaram.

Toda aquela pomposa construção, digna dos melhores momentos de uma ditadura que continua à espreita, cercada de polêmicas e drenando milhões de reais, dólares ou euros, lá sei eu, para algumas contas bancárias selecionadas, trazia o velho e absurdo erro. Erro que sempre cerca as construções de hidrelétricas no Brasil, de Itaipu a Balbina, passando por Samuel e Tucuruí e desembocando em Belo Monte são assim, uma réplica dos cenários de Potemkin. Não às margens do Dnieper, cercado pelo gelo, mas às margens da gloriosa floresta amazônica, na beira do Xingu.

Sim, Balbina, em Roraima; Samuel, em Rondônia; Itaipu, no Paraná; Tucuruí, no Pará e Belo Monte, também no Pará, são verdadeiros cenários criados pelo príncipe russo Alexandrovitch Potemkim para agradar sua amante, Katrina II, esposa do czar Pyotr III*.

Atrás daquela pujança construída sobre o povo em escombros, o nada. Com todo aquele volume de água, qual a quantidade de linhas de extensão, vararam a floresta?

E todas essas mal cheirosas hidrelétricas sofrem do mesmo mal. Escassez dos cabos de extensão. Claro. Ninguém inaugura cabos no meio da mata.

O resultado disso são os frequentes apagões que causam prejuízos ao povo, ao comércio, à indústria e aos afagos dos egos de todos os governos.

Não por coinidência, “a rara falha operacional” nas palavras do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, aconteceu numa subestação ligada a Belo Monte.

E a Natureza, que nunca reclama, mas se vinga, às gargalhadas, esperou o momento certo de agir. Dessa vêz, ela nem precisou mexer seus olhos cobertos de folhas. #Mavutsini, o deus maior dos povos do Alto Xingu estava a postos e com sua ira divina. Causou a falha – ainda inexplicável, apesar das declaraçõ oficiais – para vingar sua amiga Natureza. Deixou cidades de 25 estados, além do Distrito Federal, sem luz. Só poupou Roraima que naquela noite estava traumatizada com a cassação do mandato de um reles governador chamado Denarium.

É preciso estar atento e forte, diria Gal Costa. Muito cuidado, pessoal, os deuses de todos os povos são escoteiros. Sempre alertas.

* Adoro intrigas da realeza. E , dessa vez, a culpa é da mãe. A matriarca lia muito, mas antes dos 40, se dedicou aos romances das alcovas reais. Lia e me contava uma por uma das fofocas que sempre cercam as cortes.

LA VIE EN ROSE

By , 20/07/2023 6:29 pm

A VIE EN ROSE.

“…Je vois la vie en rose…”

Gagocha Aires Moreira, minha irmã que foi caçula alguns anos, não usa a cor rosa nem sob tortura. Chama o Corpo de Bombeiros, o Japonês da Federal, é capaz de rezar três “Padre-Nosso” e ficar de cama por meses com uma urticária de origem intergaláctica.

Exageros à parte, ela realmente detesta essa cor. E eu tenho certeza, na minha Psicanálise de botequim, de que é trauma de infância. Quando éramos crianças, usávamos vestidos do mesmo modelo. O de Gagocha sempre cor-de-rosa e o meu sempre azul. Mas não cresci com nenhum problema com a cor azul. Gosto do azul-royal. Azul claro,deixo para minha comadre Ana Lange.

De qualquer forma, não me lembro de ter comprado roupinhas cor-de-rosa para minhas filhas. Nos anos 70, quando elas nasceram, essa cor era associada a mulherzinhas nhem-nhem-nhem e eu fugia da dicotomia azul para meninos e rosa para as meninas, bem antes de uma tal de Damares se encontrar com Jesus na goiabeira.

Pois bem a cor rosa chega ao seu momento de apogeu e glória. O fenômeno se deve a um filme que conta a história de uma boneca chamada “Barbie”. É o maior fenômeno mundial de publicidade. E digo mundial porque invadiu também países da África e Ásia, iuncluindo o mundo árabe.

O filme, com direção de Greta Gerwig, estreou hoje no Brasil e amanhã será a vez dos Estados Unidos celebrar a cor preferida de Mamie Eisenhower, primeira-dama dos EUA, casada com Dwight, e chamadode “Ike” pelos amigos e pela imprensa que se achava íntima do presidente. Foi ele quem deu a largada para a Guerra do Vietnam. Madame estava de rosa.

Mamie, a “first lady”, por falta do que fazer, mandou derrubar todo o banheiro da suite do casal na Casa Branca, para mudar a cor das paredes. Escolheu a cor rosa, para combinar com suas pantufas, negligées e outras peças mais íntimas. E então, as revistas femininas por absoluta falta de assuntos palpitantes começaram a espalhar o boato que a cor rosa era para meninas. Não demorou muito para que uma mulher mais esperta criasse a boneca do mundo cor-de-rosa, Barbara Millicent Roberts ou, simplesmente, Barbie. Felizmente, a boneca não copiou o padrão de beleza da então primeira-dama, mulher de Ike, que nem tinha peitos siliconados ou cintura de pilão.

Sorte da Casa Branca que a sucessora de Mamie foi Jacqueline Kennedy, mulher elegante, de gosto mais apurado tanto para decoração de banheiros quanto para seus chapéus e roupas.

As “Barbies” se multiplicaram. Tem até Barbie usando véu e Barbie negra, que faria Mamie Eisenhower ficar roxa de irritação. Madame era racista.

Quero dizer que, prevendo a futura explosão de demanda da cor com consequente escassez do rosa no mercado, há alguns anos comecei a estocar seus tons e vou passar tranquila pela “crise do rosa”. Tenho saia, calça comprida, chapéu, bolsa em diferentes nuances de rosa. É que sou previnida.

Mas fiquem tranquilos. Nunca vou usar todas as peças ao mesmo tempo.

Ainda não vi o filme, mas não vou perder esse fenômeno lançado exatamente nesse ano em que acabou uma epidemia enquanto o mundo começa a viver a sucessão de desastres climáticos que parecem indicar o fim planeta, com todos vestindo cor-de-rosa.

*Gagocha, pode vir me visitar sem problema. Eu guardo todas as peças cor-de-rosa no fundo do baú. Não quero ser responsável por um possível choque cromático.

Pode ser uma imagem de roupa de dormir

COM TODOS OS DEDOS NAS FERIDAS

By , 12/07/2023 12:04 am

COM TODOS OS DEDOS NAS FERIDAS

Conheci o pensador TARIK ALI num dos encontros do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, antes de o evento se tornar um convescote de narcisismos políticos de uma esquerda que a cada dia mais se assemelhava ao adjetivo #festiva. Quis entrevistá-lo porque acabara de ler “Confronto de Fundamentalismos”. Não foi possível. Ele estava cercado de perguntas que não me interessava ouvir e preferi me afastar. Eu queria mesmo era uma conversa consistente. Mas não havia nem tempo, nem hora para meu devaneio. E me restringi a lhe pedir autógrafo no meu exemplar do “Confronto…

Ainda me faltavam dois de seus livros para dizer que já li sua obra completa, “”Piratas do Caribe” e “Winston Churchil”, onde ele descreve as barabaridades praticadas pelo Colonialismo inglês em todos os continentes e cometidas pelo ex-premier que terminou se transformando em herói da liberdade. Terminei agora mesmo de ler os “Piratas”.

E que pancada!

Editado em 2004, pela “Record”, ele não deixa pedra sobre pedra de governantes que alegremente babam de prazer diante do “Consenso de Wasghington”. Preciso, mordaz, ele chega a ser fascinante na sua crítica.

Le hors d’oeuvre começa na página 36.

Copiei aqui para vocês petiscarem.

Qualquer semelhança com fatos reais, não é mera coincidência

“Os séculos dourados estão pela frente. Que os guerreiros do FMI/Banco Mundial se entusiasmassem por essa visão era uma coisa; mas o espírito dos tempos afetou profundamente muitos ex-opositores ao domínio do capital. Vencidos por uma combinação de fadiga e medo do desconhecido, começaram a pintar suas novas vitórias com gloriosas cores primárias, em uma linguagem mais extravagante que a usada 150 anos atrás por Gladstone, que, de modo depreciativo, descreveu os sucessos imperiais como o “intoxicador crescimento e aumento de toda nossa riqueza e todo nosso poder”

Logo na página seguinte, a 37, da edição de 2004, ele continua chicoteando.

“A desilusão pós-1989, o cinismo e uma amargurada visão do passado afetaram tosos os continentes, sem exceção. E aqueles que agora adotam a visão dos vencedores vem de todas as classes sociais e origens políticas: socialdemocratas de esquerda, eurocomunistas, ex-trotskistas, imaculados e puros, sectários em sua plenitude, agora transferindo o mesmo vício para servir velhas causas, maoístas anteriormente favoráveis a distúrbios de rua, teóricos marxistas, dedicados antiimperialistas que, em seu entusiasmo, defenderam os militares etíopes e a desastrosa intervenção soviética no Afeganistão, ex-anarquistas – representantes de todas as espécies podiam ser encontradosa serviço de praticamente todo governo neoliberal – na Europa, na América dos Norte, na África do Sul, no Brasil, na China, na Austrália – ou, onde isso não era possível, aplaudindo ferozmente do lado de fora. Eles ainda acreditavam na luta de classes, mas haviam mudado de lado”.

O AP

By , 26/02/2023 1:51 pm

#Combatente? Sim #Amigo? Sim. #Corajoso? Sim? #Poeta? Sim. #Resistente? Sim, sim, sim. Mas, acima de tudo, o Ap

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