COM TODOS OS DEDOS NAS FERIDAS
COM TODOS OS DEDOS NAS FERIDAS
Conheci o pensador TARIK ALI num dos encontros do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, antes de o evento se tornar um convescote de narcisismos políticos de uma esquerda que a cada dia mais se assemelhava ao adjetivo #festiva. Quis entrevistá-lo porque acabara de ler “Confronto de Fundamentalismos”. Não foi possível. Ele estava cercado de perguntas que não me interessava ouvir e preferi me afastar. Eu queria mesmo era uma conversa consistente. Mas não havia nem tempo, nem hora para meu devaneio. E me restringi a lhe pedir autógrafo no meu exemplar do “Confronto…
Ainda me faltavam dois de seus livros para dizer que já li sua obra completa, “”Piratas do Caribe” e “Winston Churchil”, onde ele descreve as barabaridades praticadas pelo Colonialismo inglês em todos os continentes e cometidas pelo ex-premier que terminou se transformando em herói da liberdade. Terminei agora mesmo de ler os “Piratas”.
E que pancada!
Editado em 2004, pela “Record”, ele não deixa pedra sobre pedra de governantes que alegremente babam de prazer diante do “Consenso de Wasghington”. Preciso, mordaz, ele chega a ser fascinante na sua crítica.
Le hors d’oeuvre começa na página 36.
Copiei aqui para vocês petiscarem.
Qualquer semelhança com fatos reais, não é mera coincidência
“Os séculos dourados estão pela frente. Que os guerreiros do FMI/Banco Mundial se entusiasmassem por essa visão era uma coisa; mas o espírito dos tempos afetou profundamente muitos ex-opositores ao domínio do capital. Vencidos por uma combinação de fadiga e medo do desconhecido, começaram a pintar suas novas vitórias com gloriosas cores primárias, em uma linguagem mais extravagante que a usada 150 anos atrás por Gladstone, que, de modo depreciativo, descreveu os sucessos imperiais como o “intoxicador crescimento e aumento de toda nossa riqueza e todo nosso poder”
Logo na página seguinte, a 37, da edição de 2004, ele continua chicoteando.
“A desilusão pós-1989, o cinismo e uma amargurada visão do passado afetaram tosos os continentes, sem exceção. E aqueles que agora adotam a visão dos vencedores vem de todas as classes sociais e origens políticas: socialdemocratas de esquerda, eurocomunistas, ex-trotskistas, imaculados e puros, sectários em sua plenitude, agora transferindo o mesmo vício para servir velhas causas, maoístas anteriormente favoráveis a distúrbios de rua, teóricos marxistas, dedicados antiimperialistas que, em seu entusiasmo, defenderam os militares etíopes e a desastrosa intervenção soviética no Afeganistão, ex-anarquistas – representantes de todas as espécies podiam ser encontradosa serviço de praticamente todo governo neoliberal – na Europa, na América dos Norte, na África do Sul, no Brasil, na China, na Austrália – ou, onde isso não era possível, aplaudindo ferozmente do lado de fora. Eles ainda acreditavam na luta de classes, mas haviam mudado de lado”.

