Sei que é pedir muito, mas eu gostaria de ter visto a mesma indignação que os colunistas DORA KRAMER, VERA MAGALHÃES E MERVAL PEREIRA, GUGA CHAKRA e e outros do segundo escalão demonstraram contra a fala de Lula comparando os holocaustos contra os judeus e palestinos.
Repito, a palavra #Holocausto” não é reserva de mercado do povo judeu. De origem grega, a palavra holocausto, #Shoa, em hebraico, siginifica literalmente, “destruição, ruína, catástrofe”.
E o que é que está acontecendo agora na Palestina? Destruição total. Até mesmo a secular universidade foi bombardeada e restam escombros. Aqueles que tem escapado dos ataques diários de bombas não tem casa para morar porque foram destruídas pelos bombardeios do Estado de Israel.
E o que são os campos de refugiados dos palestinos? Uma versão moderna dos guetos impostos pelo Nazismo. E se espalham pelo Oriente Médio.
Só por um detalhe, Netanyahu, ao contrário de Hitler não vai conseguir exterminar seis milhões de palestinos. Simplesmente porque 5,9 milhões de palestinos estão nos guetos modernos, em condições precárias, com a ajuda da ONU.
Sim, o que está acontecendo hoje em Gaza é um holocausto. Doa a quem doer, essa é a palavra que na própria língua falada em Israel significa “destruição, ruína, catástrofe”.
E há exatos 138 dias, um povo inteiro vem sendo destruído, suas vidas, arruinadas e catástrofe soa suave para mais de um milhão de pessoas que estão passando fome porque nem a chamada ajuda humanitária consegue cruzar as fronteiras para lhes levar pão.
Portanto, eu realmente espero que o nível de hipocrisia dessa indignação seletiva se limite às suas conversinhas amigáveis de jornalistas no final do dia.
Lula não errou. Ele apenas apontou o dedo e disse que o rei está nu.
Pena que De Gaulle, na “Guerra da Lagosta”, em 1962, ou em qualquer outra época jamais tenha dito essa frase.
Mais do que nuca, hoje, durante a posse de Donald Trump a frase não dita por De Gaulle ronda minha cabeça desde as nove da manhã.
E essa frase que me persegue não nasceu por geração espontânea. Ela surgiu e foi crescendo à medida em que assistia o noticiário da posse, o momento da entrada dos convidados na Rotunda da Casa Branca e lia o noticiário dos jornais brasileiros.
CNN, O Globo, Folha de São Paulo* e o Correio Braziliense* se esforçaram ao máximo e até mentiram sobre a insignficante importância de Michelle Bolsonaro na posse de Trump onde foi representar um não convidado, o ex-presidente, Jair Bolsonaro. Sim, BOLSONARO nunca foi convidado.
Não porque Trump tenha algum desprezo pelo ex-presidente. Mas sim porque, diferente de outros países do mundo, na posse do presidente dos Estados Unidos não há mandatários convidados. Por questões de segurança. Imagina reunir a nata dos governos do mundo num país que tem hábito de matar presidentes. As Forças Armadas dos EUA não iam querer se meter nisso. O FBI não tem condições e nem agentes em número suficiente. A CIA já provou sua ineficiência no 11 de setemebro. É bem verdade que Trump quebrou a tradição e fez uma lista de convidados. É uma lista pequena e selecionada criteriosamente.
#Bukele, o ditador sanguinário e errático de El Salvador,
#Milei, da Argentina e que não precisa de apresentação
Giorgia #Meloni, a neo-fascista première da Itália
#Orbán, da Hungria, que mandou dizer que não vinha
E, curiosamente, Xi, #Jinping, que mandou o vice-presidente Han Zheng representá-lo.
Ainda não entendi o gesto em relação ao mandatário chinês, porque Trump, no seu mandato anterior fez de tudo para atrapalhar os negócios da China.
E foi só.
Mas nem a estreiteza da lista e muito menos a ausência total de convite inibiu um grupo de parlamentares brasileiros a enfrentar a temperatura de Washington que, amanheceu com céu claro e, nessse momento, às 16.30, está com 8 graus negativos e sensação térmica de menos 13.
A “Comitiva Tabajara” dos parlamentares brasileiros está à deriva. Não recebeu convite – o que seria inusitado – para assistir a posse acontecida a portas fechadas na Rotunda da Casa Branca. Não recebeu convite para o “luncheon” (almoço) oferecido pelos presidentes da Câmara e do Senado. Se recebessem seria um fenômeno. Só os parlamentares, o presidente e família participam dese almoço no Capitólio, o Congresso americano.
E também, é claro, não participaram da revista de tropas, uma solenidade que envolve apenas o presidente e militares das três forças que juram obediência ao mandatário dos EUA.
Resta a Michelle Bolsonaro e à troupe da “Comitiva Tabajara” a última solenidade do dia. A Arena onde Trump vai assinar, diante de 20 mil pessoas, suas primeiras decisões. Mas para a Arena não é preciso de convite. Basta entrar na fila a céu aberto e quem sabe, ter a sorte de conseguir um lugar.
Quanto ao “Baile da Liberdade”, é bem possível que a imprensa brasileira anuncie a presença de Michelle, muito bem maquiada, na festa de logo mais à noite.
Mas resta saber para qual dos bailes ela está convida. Hoje à noite, em Washington haverá quatro bailes celebrando a volta de Trump. . Só um é o oficial. Os demais são promovidas pelos apoiadores.
Nikolas com K Ferreira, sempre ele, também divulgou uma de suas habituais fake news, com um vídeo mostrando o momento em que recebeu convite para o Baile Oficial. O cenário tenta imitar a sala da Casa Branca onde o presidente dos Estaos Unidos recebe dignatários estrangeiros. Errou feio nas cadeiras.
Continuo lamentando o auto-controle do general Charles De Gaulle por nunca ter dito a lendária frase. Sim, le Brésil n’est pas un pays sérieux.
Nem as menores e mais pobres republiquetas se submetem a um vexame dessa grandeza.
* Correio Brazileinse diz na matéria de hoje que Michelle esteve num baile na noite de sábado com a presença de Trume e ligou para o marido. MENTIRA. Trump não estava no baile que foi um dos muitos promovidos pelos apoiadores. A CNN repetiu a MENTIRA no ar.
* Folha de São Paulo informa que Michelle foi avisada para se arrumar para a solenidade da posse mas..
“Com a mudança de última hora no itinerário da posse, boa parte dos convidados não pôde ser acomodada na Rotunda do Capitólio, onde ocorre a cerimônia. (Julia Chaib)” MENTIRA. Há mais de uma semana, todo mundo nos EUA sabia que a posse seria na Rotunda por causa do frio. E não houve nenhuma mudança.
E vamos parar com essa história de que a NASA precisa estudar o brasileiro. A NASA não é um hospital psiquiátrico. É um centro de pesquisas espaciais.
Foram necessários 60 anos, 9 meses e 14 dias, com suas noites (obrigada, Gabo e teu amor nos tempos de cólera) para o Brasil prender um general golpista.
Olhando suas fotos, ele parece um ser humano igual aos outros. Mas esse ser humano igual aos outros passava seus dias e noites conspirando contra o talvez mais sagrado dos bens, o de viver dentro de estado democrático de direito, apesar de todas as injustiças. Ele e o seus conspiravam dia e noite para nos calar, para nos manter dominados, para destruir mais ainda o que em tão pouco tempo conseguimos reconstruir.
Inimigo declarado da vida, das florestas, dos animais racionais e irracionais – bom não esquecer que esse general estava envolvdo com a exportação de madeira ilegal para os Estados Unidos ao lado de seu cúmplice, general Luis Eduardo Ramos – usava sua farda, suas condecorações carregando caixa com dinheiro para pagar seus pistoleiros do segundo escalão, a escumalha.
Dinheiro arrecadado entre o que generciamente se chama pessoal do “agronegócio” um guarda-chuva que abriga desde os grandes fazendeiros que na época da ditadura foram beneficados pelos generais e pelo estado policial, madereiros que invadem terras indígenas ou áreas de preservação, bandoleiros que jogam agrotóxico sobre as matas e rios para instalarem seus negócios criminosos, incluindo o narcotráfico.
O general carregava dinheiro sujo de sangue. O pai do psicanalista e escritor Contardo Calligaris classificaria esse general cheio de estrelas de vulgar. Porque o pai de Contardo Calligaris, um homem quieto, um estudioso que vivia dentro de sua biblioteca, dizia que o Fascismo é #vulgar e só por isso foi combater o Fascismo com armas na mão. Ele era intolerante com a vulgaridade.
Tão vulgar é o general que para carregar o dinheiro que financiava o golpe ele usou uma caixa de vinho. Se fosse em mala Louis Vuitton, teria ddo um toque de elegância ao golpe. Mas a vugaridade é a marca registrada dos golpistas.
Amigos, 60 anos em que eles desestruturam famílias – a minha foi uma dessas – condenaram sem julgamento seus opositores; prenderam; oculturam corpos humanos que produziam nas sessões de tortura e matavam, nos contemplam (obrigada, Napoleão Bonaparte). Não para uma vingança. Mas para nos manter alertas em defesa de um estado democrático e de direitos.
Pouco me importa quantas horas, dias ou meses esse general de 67 amos vai permanecer na cadeia. Pode ser 24 horas, dois meses, 30 anos. Pouco importa. O importante é que hoje destruímos um tabu. Um tabu que nos envergonh porque jamais conseguimos prender um golpista. Rompéu-se uma barreira. Por isso, 14 de dezembro é um dia histíorico
General, parodiando a frase do livro e filme que refresca nossa memória histórica, lhe digo
NÓS CONTINUAMOS AQUI (Obrigada Marcelo Paiva/Walter Salles).
E estaremos sempre aqui em vigília para evitar que homens como o senhor assaltem novamente nossa ainda tão frágil Democracia..
WALTER SOUZA BRAGA NETO, ex-chefe do Comando Militar do Leste, ex- interventor federal do Rio de Janeiro, ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República, ex-ministro da Defesa, candidato derrotado a vice-presidente na chapa do capitão Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 é o PRIMEIRO General a ser preso em toda História do Brasil.
Foram 9 Civis, 4 agentes/delegados da Polícia Federal, 1 subtenente, 2 capitães, 2 majores, 12 coronéis, 6 generais e 1 almirante, todos comandados por um dos capitães.
Esse foi o grupo que tentou apunhalar todo um povo.
Entre os civis, 1 padre, 2 engenheiro, um advogado, 1 político, 1 empresário e 4 SPD (Sem Profissão Definida).
Aqui estão eles que foram hoje indiciados pelo crime de “ABOLIÇÃO VIOLENTA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO”. Linguagem sofisticada para explicar o crime de golpe de estado e terrorismo”.
Pelas patentes de cada um, da mais baixa à mais alta, vamos a eles.
CIVIS
1 Carlos Moretzsohn – engenheiro
2 Felipe Martins – seguidor de Olavo de Carvalho, assessor especial de Assuntos Internacionais de Bolsonaro – Sem Profissão Definida
3 Fernando Cerimedo – Argentino. Sem Profissão Definida (influencer) Gabinete de Fake News.
4 José Eduardo de Oliveira e Silva – Padre. Sem profissão definida – Gabinete de Fake News.
5 Amauri Feres Saad – Advogado
6 Marcelo Costa Camara Sem Profissão definida (olheiro)
7 Paulo Renato de Oliveira Fiqueredo – empresário. Neto do último ditador -João Baptista Figueredo
8 Tércio Arnaud Tomáz – Sem profissão definida – Gabinete de Fake News.
9 Waldemar da Costa Neto – ex-deputado Federal, presidente do PL
POLÍCIA FEDERAL
1 Alexandre Ramagem – deputado federal, ex-chefe da Abin, candidato derrotado à prefeitura do Rio.
2 Alexandre Torres, ex-policial civil, ex-PF, ex- ministro da justiça, ex-secretário de Segurança do DF
3 Wladimir Matos Soares – ex-segurança de Lula durante a campanha de 2022
4 Marcelo Bormavet
SUBTENENTE
1 Giancarlo Gomes Rodrigues.
CAPITÃES
1 Ailton Moraes Barros
2 JAIR MESSIAS BOLSONARO – ex-presidente da República
MAJORES
1 Angelo Martins Denicoli (na reserva)
2 Rafael Martins de Oliveira (era major na época da conspiração, agora é tenente-coronel)
CORONÉIS
2 Alexandre Castillo da Silva
2 Anderson Lima de Moura
3 Bernardo Romão Correia Neto
4 Carlos Giovani Delvati Pasini
5 Cleverson Nei Magalhães.
6 Fabrício Moreira Bastos
7 Guilherme Marques de Oliveira.
8 Hélio ferreira Lima
9 Laércio Virgílio
10 Mauro Cid
11 Ronald Ferreira de Araújo Filho
12 Sérgio Ricardo Cavalieri de Medeiros
GENERAIS
1 Augusto Heleno ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
2 Braga Neto – ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro
3 Estevam Cals Gaspar de Oliveira – (Comandante de Operações Terrestres)
4 Mario Fernandes – estrategista do golpe.
5 Nilton Diniz Rodrigues.
6 Paulo Sérgio Nogueira ex- comadante do Exército e ex-ministro da Defesa.
ALMIRANTE
1 Almir Garnier dos Santos.
Essa tropa de terroristas foi comandada por um homem chamado JAIR MESSIAS BOLSONARO, um homem medíocre frustrado porque seu projeto de golpe miltar sangrento, projeto que vem pregando desde os anos 90 falhou mais uma vez.
Eles jamais desistirão. É bom lembrar que o golpe de estado de 1964 começou em 1954 e só foi interrompido pelo gesto final do presidente Getúlio Vargas que cometeu suicídio e adiou a quartelada, vitoriosa dez anos depois Podem ter certeza que estarão sempre à espreita e não duvido que já tenham começado a tramar para 2026.
O preço da Democracia e do Estado de Direito nos exige jamais cochilar.
Então vale repetir e praticar quantas vezes for necessária a palavra dos escoteiros e permanecer “SEMPRE ALERTA”.
Ah, Conceição Freitas teu texto sobre o filme que nos fala de Eunice, das nossas lutas, dos sonhos destruídos é mais um primor. Mas isso não é nenhuma novidade. Afinal de contas, nós que te lemos temos absoluta certeza de que es capaz de transformar uma pedra sem glamour num diamante cobiçado.
Li e até reli teu texto sobre o quase sacrifício que é deixar nossa poltrona com mantinha e almofadas, biscoitinho e café quente, luminosidade adaptada aos nossos olhos e sentar em cadeiras enfileiradas com sons em alturas que incomodam nossos ouvidos e uma luminosidade não calculada para todos os olhos. Mesmo assim pratico ese exercício com uma certa frequência para não trair minha raízes de cinéfila.
Bom, hesitei e ainda hesito diante do filme que fala de Eunice. Ela foi minha amiga, minha hóspede dezenas de vezes quando chegava em Brasília ainda nos anos 70 não apenas pra buscar pistas do paradeiro do deputado Rubens Paiva mas, também, advogando em defesa dos direitos indígenas. Eunice foi, por muitos anos, advogada de várias causa quase perdidas de diferentes povos indígenas, desde os Kaiowá de Mato Grosso do Sul aos Macuxi de Roraima.
Terminado o dia, ela quase sempre chegava na minha casa no começo da noite, ainda com sua pequena valise de viagem, suficiente para passar uma noite em Brasília, tomava um banho rápido e nos sentávamos para conversar, para conspirarmos em favor do Brasil, sonhávamos com a liberdade, com o dierito de enterrrar nossos mortos. Geralmente as conversas eram na mesa da cozinha onde tomávamos um caldo quente ou apenas beliscávamos intermináveis fatias de queijo com pão.
Muitas vezes a madrugada surpreendia nossas conversas sempre intermináveis que em muitos momentos continuava na semana seguinte porque eram tempos que a luta quase não nos deixava dormir.
Doce, serena, fala tranquila de quem guarda a sabedoria da vida, Eunice era uma presença que deixava no ar um gosto de tenacidade. Nem sempre nos despedíamos porque ela acordava cedo e saia com sua valise. Para São Paulo ou para a peregrinação dos tribunais.
Esse ritual durou alguns anos. Pelo menos até a demarcação do território Yanomami. Depois não nos vimos nunca mais, mas nos acompanhávamos à distância. Nossos amigos eram nosso elo.
E, quando vi Walter Salles debruçado no projeto do filme, neu coração se aqueceu porque ele manteria viva não apenas a história de brava Eunice, mas nossa História de lutas, a história de dezenas de mulheres que ainda hoje procuram seus filhos, filhas, maridos e irmãos devorados pelas botas dos facínoras.
Mas, quando foi anunciado o nome da atriz que interpretaria Eunice, senti um mal-estar. Meu mal-estar sempre é representado por uma dor desconfortável no estômago que já até me levou a exames médicos.Queriam descobrir úlceras, câncer. Se me ouvissem, não me submeteriam a esses testes.
O mal estar foi provocado pelo oxímoro Eunice- Fernanda Torres. Fico imaginando que malabarismo fez essa atriz para interpretar o suave olhar de Eunice. Para mover os braços com a tranquilidade e força de Eunice e, sobretudo, para mostrar a humildade corajosa de Eunice Paiva.
Não consigo dissociar a atriz fernanda Torres daquela desprezível fuga do centro de vacinação que aplicava doses de vacina contra o Covid. Ela saíu correndo pela rua porque a vacina não era “gourmet”. Enquanto milhares de brasileiros sonhavam em receber a agulhada da salvação e faziam filas gigantescas na luta pela vida contra um vírus que matou milhoes mundo afora, a arrogância da mulher mimada e snob não aceitou a vacina disponível porque não era a Astra-Zeneca. Aquele episódio marcou eus sentimentos em relação àaessa atriz. Se antes era neutro, passou a ser de desprezo.
Então, não tenho certeza se quero assistir Eunice interpretada por seu oxímoro.
Não me importa que receba prêmios, que seja laureado com a mais kitsch de todas as estatuetas que é o Oscar” e que atraia milhões de espectadores.
Por enquanto – e nada impede que eu mude de opinião – fico com a imagem da minha querida amiga, sentada na cozinha de um apartamento da 304 sul, tomando um caldo de milho com frango ou um caldo verde, falando de nossas esperanças por um Brasil grande, soberano e sem botas manchadas com o sabgue da nossa resistência.
Moro nos Estados Unidos desde os primórdios do século XXI. Quando cheguei, George W. Bush ainda estava em seus primeiro mandato. E durante todo esse tempo, além das minhas leituras habituais que incluim questões do Narcotráfico e das economias deliquenciais, lutas emancipação dos povos, Sociologia, Teoria Literária, História, Geografia/Estratégia, Moda, Economia, Luta pela terra, Diplomacia do Vaticano e outros tantos temas, me dediquei a um profundo estudo da História dos Estados Unidos e, principalmente do comportamento do povo americano.
Dito isso, quero lhes dizer que tenho grandes, alegres e tristes gargalhadas ao ler o fervor com o qual alguns jornalistas brasileiros e os grandes jornais do meu país torcem e usam toda sua energia e criatividade para nos convencer a nós brasileiros sobre os candidatos à presidência desse que já foi o mais poderoso país do planeta.
“VEJA OS 7 CAMINHOS PARA TRUMPO OU KAMALA CHEGAREM À CASA BRANCA, E PARA O EMPATE”
Desculpando o uso da vírgula em manchete na Folha de São Paulo, são longas matérias com cada um dos coroados comentaristas e jornalistas deixando transparecer suas preferências eleitorais nas eleições do Império, louvando um sistema que agoniza com a certeza de que impressionam o distinto e escasso número de leitores.
Leio de tudo. Dos três grandes jornais nacionais, aos blogs mais insignificantes. Gasto mais de quatro horas dos meus longos dias (dia de aposentado tem mais de 24 horas) a ler noticiários de jornais daqui mesmo e blogs não apenas do meu país, mas também da terra onde vivo e da França, Moçambique, Argentina, Portugal, Inglaterra, Alemanha, Angola, Al Jazeera, El Haaretz. Minha leitura só ainda não avançou pela Ásia porque ainda não senti apetite para ir tão longe.
E hoje, as notícias fervilham com a chegada do “grande dia”. É mais do que óbvio que o futuro ocupante da Casa Branca ainda tem um poder imenso, um poder de destruição de países e nações e até mesmo de levar um povo ao total aniquilamento. Até aí todos nós sabemos.
Mas o que não sabemos, é a total indiferença com a qual essas bilhões de letras organizadas em milhões de palavras e milhares de frases ditas pelos jornais e comentaristas de televisão, rádio e spotfies, etc… são tratadas com desdém, com a total indiferença não só pelo povo americano mas, principalmente pelo sistema que comanda os EUA.
A começar que os assessores dos poderosos sequer incluem esses textos nos clippings oficiais. De vez em quando um assessor querendo ver o chefe relaxar, lê um parágrafo ou outro de jornalistas e outros iluminados do Terceiro Mundo. E riem.
Os comandantes do sistema snão perdem tempo nas observações. Não lhes interessa. Desconhecem completamente os mervais, os sakamotos, os kennedys, os josias (esse o nome já vem no plural, facilita) e outros do mesmo calibre.
Assessores dos dois candidatos sequer concedem uma atenção mínima aos tantos brasileiros migrantes legais ou ilegais que vivem nas periferias do “American Way of Life”e que torcem por um candidato que diz, em letras garrafaism que vai continuar sua política de “caça aos migrantes”.
Gente eu sei, tenho clara consciência da importância dessas eleições no teatro político internacional. Obviamente as matérias tinham que estar com destaque na primeira página. Mas a uniformidade das manchetes é que me choca. Com todo o seu poder, os EUA dependem também da China e da Europa, da Russia, do Vietname para se manterem na corda bamba do poder político nesse jogo de xadrez. E como sabemos, Putin e Li Qiang jogam xadrez, enquanto os mandatários dos Estados Unidos só sabem jogar peteca, ou basquete.
Sem contar os aliados que, bem ou mal pesam na balança e mantém um poder fictício, baseado apenas na tradição, mas não despertam esse furor informativo. Refiro-me à França e Inglaterra.
E nenhum desses países mereceu tanta manchete como as eleições dos Estados Unidos. Subserviência?
Para aqueles que exercem o real poder dentro de um país que, copiando os deuses do Olimpo decidem que civilização da Terra tem direito a viver ou a morrer, essas manifestações de simpatia ou antipatia ou ódio ao Império são um zero ou milhões de zeros à esquerda.
O tratamento que dispensam a nosotros os #cucarachos do planeta é o mesmo. Eles sequer se surpreendem com esse comportamento servil.
Afinak de contas eles tem absoluta certeza de que não passamos de tapetes do chiqueiro e assim nos tratam.
Desde que haja carne moída para um hamburguer, tanto lhes faz o que pensamos.
Uma vez por ano eu, a #Bruxa e minhas amigas #Sorcière a #Witch nos encontramos para um fim de tarde. E, nossos trajes tem a mesma cor. Seja qual for modelo escolhido, vamos de preto, nos maquiamos e nos perfumamos. Acontece que pelos códigos de uso de perfume da senhora minha mãe, depois das cinco só Chanel. E Chanel 5. Nada de perrfumimho com cheiro de adolescente.
E, igual todos os anos, vamos sempre ao mesmo bar. Paredes pintadas de preto e luzes em sépia. Assim, podemos ficar horas repousando nossas retinas porque a claridade sempre nos incomoda.
Quando o elegante garçon nos entregou o cardápio, gastamos mais de duas hora para decidir. Lá fora já estava escurecendo.Tudo culpa da Sorcière que sempre levanta polêmicas. Dessa vez ela nos perguntou que comidas as bruxas gostam. Antes que a Witch se manifestasse, Sorcière foi logo avisando, “não vale nenhum tipo de sanduíche”. Resolvi mediar. Com uma calma que não é minha e sem dizer que apoiava os sanduíches fui logo ampliando o menu, “bruxas comem de tudo, carne, peixe, mexilhões, carangueijos, tomates fritos, recheados, crus, o que que for comestível”. Animada, Witch disse, “é, eu até conheço bruxa que é vegetariana”. Quis rir, mas Sorcière de olhos muito abertos, reagiu “Witch minha amiga, bruxas são iguais a todo mundo, só que são bruxas. Eu até conheço bruxas más. Se há bruxas más, pode haver bruxas veganas, vegetarianas, onívoras, carnívoras”.
Sorcière estava terrível hoje. Então foi minha vez de provocá-la; “E que bebidas as bruxas bebem?”. Ela prontamente respondeu. “em primeiro lugar, champagne. Mas podem até beber coca-cola, suco de cupuaçu, de murici”. Witch que nem estava nos seus dias flamboyants emendou, “e chocolate quente”. Pedimos champagne, como é do nosso hábito. Elas comeram pratos semelhantes, pasta com diferentes acompanhamentos. Mergulhei num filet sangrando e passamos a filosofar.
O comportamento de Witch me surpreendia. Ela estava com um olhar distante, quase triste e, de repente, eles se encheram de lágrimas. Sem disfarçar, passou a falar mais rápido que o habitual e pediu outra champagne. No brinde, desabafou, “e pensar que hoje festejamos o dia das bruxas quando, num passado nem tão distante, na minha terra, em Salém, elas foram queimadas vivas porque eram bruxas..
Sorcière, com aquele espírito competiitivo reagiu, “ora no meu continente, jogamos milhares de bruxas na fogueira”,
‘Meninas!”, pedi com voz autoritária, se é para disputar, quero lhes dizer que na minha terra, na minha Brasília, em pleno século XXI, só esse ano mataram mais de 400 mulheres. E nem precisaram jogar na fogueira. Nem todas eram bruxas.
O crime, continuei , tem até nome, chama-se “feminicídio”. E transformou-se em epidemia. Matam com balas, facas, pauladas, asfixia…
Choramos as três juntas. Enxugamos as lágrimas e cantamos “viver em acampamento onde o fogo jamais cessa, sentimo-nos unidas, pela nossa promessa”.
Então nos abraçamos e marcamos o próximo encontro. Paris ou Salém?
Era como se Rosa, a mãe de todos os ventos tivesse reunido toda sua família. Siroco, Alísios, Minuano e até o mitológico Zéfiro estavam ali nos meus hectares de felicidade.
E agora, lá fora, meu jardim brilha com a luz do sol que hoje se abriu, depois de 15 horas sob a ameaça de um dos mais fascinantes fenômenos da Natureza, o furacão. Pode ser mortal, deixar rastros de destruiçãp, mas sua força fascina.
Ontem quando ele começou a se espalhar fui ao jardim para abraçar o vento. E fiquei de braços abertos por muito tempo até começar a chuva que nem foi tão impressionante. Quando abraço o vento, me sinto absoluta.
Mas, no meio de toda essa excitação diante do poder desse fenômeno, paralisei. Vivi momentos de angústia com o desespero de um beija-flor. Ele estava exausto de voar contra a ventania. Procurava um lugar para se abrigar. Abri a porta do jardim de inverno. Fiquei segurando a porta. Ele não entendeu o convite. Voava entre a parede e um galho do carvalho que não oferecia a mínima proteção. Eu queria pegá-lo mas sabia que ele se rebelaria com meu gesto. De repente ele encontrou. Era o entrocamento de dois galhos. Ele cabia direitinho e se aninhou como se tivesse voltado para um útero.
Relaxei e voltei para abraçar o vento novamente quando uma folha seca tentava desesperadamente se manter no chão, sem voos, só se manter no chão para ser arrastada porque ela sabe que sua tarefa a partir de agora é se juntar às outras folhas secas e criar um manto para proteger o chão contra o frio do inverno. E a folha que já havia perdido um pedaço, continuava sua luta até que, quanta sorte, encontrou folhas verdes do gramado do jardim e criou seu escudo porque estava presa entre entre elas.
A chuva forte continuava, os ventos permaneciam impiedosos chIcoteando os bambus, os carvalhos, os ipês.
E agora tudo voltou ao lugar como se apenas uma banda tivesse passado cantando coisas de amor.
Será que meus coleguinhas jornalistas se esqueceram que além do governador Ronaldo Caiado havia uma outra importantíssima figura do mais alto e incontestável poder da Repúblicano no iate dos contraventores, dois dos quais, foragidos. Além de GUSTTAVO DOIS TÊS, dois dos seus amiguinhos com prisão decretada e fugidos do Brasil douravam-se ao sol do verão grego.
Vocês se lembram em plena crise do bloqueio contra as empresas de Musk no Brasil? Lembram-se que NUNO MARQUES votou com ALEXANDRE DE MORAES e, para a votação do plenário foi escolhido relator da matéria?
Vocês se lembram que ele viajou para a Europa em pleno processo. Mais especificamente para a Grécia e que na Grécia foi para Mikonos se encontrar com seu amiguinho DOIS TES, que por sua vez dera guarida para dois foragidos no própio iate?
Vocês se lembram que o presidente do STF, ministro Barroso, passou toalhinhas quentes no passeio de NUNO MARQUES dIdizendo que ele foi conhecer “aspectos jurídicos de interesse” em Roma?
E como nós, massa ignara sabemos, Roma fica na fronteira de Mikonos, ali onde o Egeu faz a curva e sonha ser Mediterrâneo.
Hora de especular porque um ministro da mais alta corte do país interrompe o trabalho de relatória de um processo vital para ir a Roma (Roma?) e encontrar amiguinhos num iate.
Quem pagou a viagem? Nós ou os contraventores?
Qual exatamente o assunto inadiável para um ministro-relator embarca para Roma/Mikonos exatamente no fim de semana da festa dos contraventores?
O quê e com quem NUNO MARQUES conversou nessa festa?
Foi dar “assessoria jurídíca” gratuita ou Midas entrou na jogada?
Acho que nós, povo brasileiro precisamos dos devidos esclarecimentios sobre a viagem. Afinal de contas, o salários, as mordomias e os caprichos dessas autoridades são pagos por nós.
Nem todo poderoso arsenal bélico determina a vitória de um país numa guerra. Porque uma guerra para ser vitoriosa tem necessidade, antes de tudo, da vitória política. Caso contrário, serão apenas amontoados de mortos chorados e venerados.
Se apenas o arsenal contasse para a vitória, o Vietname, com um milhão de mortos teria sido derrotado pelos Estados Unidos, que perdeu 56 mil jovens, naquela guerra preparada por John Kennedy, que morreu em 1963, continuada ferozmente por seu sucessor, Lyndon Johnsohn e que só no governo de Richard Nixon, no começo dos anos 70, viu o tratado de paz. Um tratado de paz que foi quase uma rendição do país mais armado e poderoso do mundo diante de um povo que até hoje come arroz com duas varetinhas chamadas #hashi.
Porque a vitória política é o ingrediente prioritário de qualquer guerra. E, politicamente, nessa guerra genocida de Israel/EUA contra o povo palestino, um povo que sequer tem direito a um Estado, as armas poderosas de Israel, não tem sido suficientes para a rendição de um povo que já não tem casa e comida passou a ser artigo de luxo.
Guardem essa data, 25 DE FEVEREIRO, um domingo que parecia ser igual aos outros.
Foi ontem, domingo, 25 de FEVEREIRO DE 2024 que os dirigentes de Israel, Benjamyn Netanyahu e dos Estados Unidos, Joe Biden, começaram a dar os passos na estrada da derrota. Foram acontecimentos distintos, mas acontecimentos simbólicos desses que chacoalham as almas das sociedades.
O primeiro foi de um ineditismo impressionante. Um militar americano da Aeronáutica, ateou fogo no próprio corpo, em frente à embaixada de Israel, em Washington. Conheço a área. É chique. Gesto que marcou a guerra do Vietname, quando monges budistas se imolavam nas montanhas do Tibet, seus corpos queimando em protesto contra a guerra do Vietname.
Antes de ser socorrido, o militar americano gritava “não quero ser cúmplice de um genocídio”. Era um grito cansado porque ele estava com dificuldades de respirar. Os serviços secretos dos Estados Unidos mantém sigilo sobre seu nome e patente e ele está em estado grave, ainda ardendo internamente e caso não consiga sobreviver ao sacrifício, as ruas dos Estados Unidos vão assistir manifestações contra Joe Biden. Manifestações que possivelmente o derrotem nas eleições de novembro.
O mesmo aconteceu com Trump. Em maio de 2020, ele parecia ter uma vitória incontestável para a reeleição. Mas no dia 26 de maio, sem ar, o negro George Lloyd, com as botas de um policial branco no seu pescoço sufocado, dizia, “eu não consigo respirar”. Foi o suficiente para levantar um país inteiro. E em 12 de junho, na primeira pesquisa pós-Lloyd, Trump estava no tobogã que o derrotou.
Portanto, Biden devia acender velas e se preparar.
Horas depois, da tentativa de imolação do militar americano, em Tel-Aviv, uma multidão de manifestantes ocupava as ruas da capital de Israel pedindo o afastamento imediato do primeiro-ministro, o genocida Netanyahu. A manifestação foi convocada pelos familiares dos reféns que ainda se encontram nas mãos do Hamas em local incerto, talvez até em outro país. Eles estão há 144 dias nas mãos do inimigo e o país mais armado do Oriente Médio não consegue resgatá-los.
Na manifestação, que seguia de forma pacífica, os israelenses sentiram na pele o ódio que poreja nos corpos sionistas, notadamente do carniceiro Netanyahu. A polícia de Tel-Aviv baixou cassetetada nos manifestantes, gás lacrimogêno e gás de pimenta eram jogados contra a multidão. Familiares dos reféns do Hamas foram presos. Sim, repito, FAMILIARES DOS REFÉNS DO HAMAS FORAM PRESOS pelos policiais de Israel porque carregavam cartazes exigindo todos os esforços para trazer os filhos de volta para casa.
Esses dois acontecimentos marcam a derrota política dos senhores da guerra. A depender da sobrevIvência do militar que tocou fogo no corpo, caso aconteça o pior, Joe e Jill já devem começar a encaixotar seus pertences pessoais e marcar a passagem de volta a Newwark.
Quanto a Netanyahu, esse, a cada dia assiste a derrocada de seu sonho poder absolutista.
Porque a guerra, como muitos outros atos, até aqueles que parecem inúteis, está sempre condicionada à vitória política.
Aí estão dois personagens da luta de defesa dos camponeses do sul do Pará. Os padres Ricardo Rezende e Aristides Camio. Os dois enfrentarem a ira dos pistoleiros e do Estado brasileiro sempre conivente ou cúmplice de grande grileiros, fazendeiros e madereiros que infestam uma das mais conflitadas regiões do país. Ricardo escapou de muitas emboscadas de pistoleiros, Aristides, e seu colega François Gouruiu, sentiu a mão cruel do Estado quando foram encarcerados e acusados de incitar a luta de classes. No caso, porque estavam ao lado dos camponeses, muitos deles assassinados por pistoleiros, e as sempre aliadas forças policiais do Estado.
No diálogo entre esses homens que viviam se desviando das balas e ameaças de morte, eles se referem a uma das muitas loucuras que fiz em defesa da “terra para quem nela trabalha” e em nome de um jornalismo que buscava equilíbrio da informações “oficiais” e a dos povos esquecidos e inivisibilizados pela imprensa.
Minha loucura tinha a benção da Igreja Católica, religião na qual fui educada, igreja que respeito por sua resistência contra os dominadores. No caso específico, não apenas a benção, mas a cumplicidade de um homem, o bispo DOM LUCIANO MENDFES DE ALMEIDA que ,à época dos fatos, era secretário-geral da poderosa CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, a quem sou agradecida inclusive pela integridade física de minhas filhas quando fui ameaçada pelas bombas da direita, em 1978.
Igual a tantas outras aventuras, quase sempre perigosas, que vivi, essa também tem sua cota de comédia.
Os missionários franceses, Aristides Camio e François Gouriou tinham sido presos. Tudo porque na celebração da missa, em São Geral do Araguaia, célebre por ter sido a sede de uma das mais aguerridas guerrilhas rurais do Brasil, Camio se referindo à impotência dos camponeses contra os fazendeiros e pistoleiros disse, “um marimbondo sozinho não faz nada. Muitos marimbondos juntos incomodam”. A frase foi suficiente para que os dois caíssem nas garras do Estado.
Os presos foram transferidos para a carceragem da Polícia Federal em Brasília.
Numa sexta-feira, na sala de imprensa da CNBB, Dom Luciano disse que visitaria os presos no dia seguinte. Escrevi minha matéria ali mesmo e fui tomar café com as freiras que fazam deliciosos biscoitos. Sentadinho e quieto numa das mesas do refeitório, Dom Luciano fazia seu lanche da tarde. Ora, meu instinto jornalístico disse “Ôba, é agora”. Dom Luciano gostava muito de mim. Sentei perto dele e, como se fosse muito simples, disse, “Dom Luciano, eu vou com o senhor visitar os padres presos”.
Na sua santa quietude, ele me olhou como se eu anunciasse a disposição de incendiar Brasília. Não e não, ele respondeu.
Choraminguei, reclamei da vida, falei que assumiria toda responsabilidade, ça vá sans dire, só faltei me ajoelhar para beijar a mão do bispo.
E ele, impávido colosso, parecia inatingível quando, de repente, quem sabe o ‘Espírito Santo” estivesse ali por perto, perguntou. “E como vamos fazer?”, Youpiiiiiiiii!, meu grito de guerra ressoou pelos corredores da CNBB. Deve ter sido inclusive ouvido na Nunciatura Apostólica, construída ao lado do pédio da CNBB.
Eu já tinhao figurino certo. E respondi, “ora, vou vestida de missionária que trabalha nos confins da África”. Claro que Dom Luciano achou impossivel porque sempre me vesti feito hippie, bem colorida, saias largas e túnicas, cheia de colares e chapéu.
Dom Luciano duvidando, disse, “tudo certo, mas vamos juntos para ver se aprovo essa sua roupa de missionária”. A visita começaria às duas da tarde.
Pouco depois do meio-dia, telefonei para meu jornal (Foha de São Paulo) e disse, “olha, se vocês nao tiverem pressa, às cinco tenho matéria exclusiva e explosiva”. Não adiantei o assunto, mas contei com a confiança que eles depositavam em mim.
De saia preta estampada de delicadas florezinhas brancas, blusa branca com viés preto e botões pretos, cabelo com um coque de secretária executiva do Banco Mundial, um belo crucifixo em ônix que mamãe tinha comprado na Espanha, uma Bíblia pequenina e preta na mão. Comprei numa livraria no caminho. Bolsa preta com meus documentos, dinheiro para táxi e um terço.
Dom Luciano riu discretamente e só faltou abrir a boca de espanto. Mas, no fundo ele sabia da minha capacidade de ser quem quero ser.
Passamos tranquilos pela vistoria da PF. Ainda disse amém com as mãos juntas quando o moço da PF fechou a bolsa de tão inocente conteúdo.
Minha memória é boa. Não precisava de lápis ou papel para anotar todas as informações.
Na sala onde os padres estavam presos, um início de conversa absolutamente protocolar. Cinco minutos depois, comecei as perguntas. E foram muitas. Meu Deus do céu, eu tinha um diamante bruto na minha mão e a cabeça num furioso redemoinho de letras e frases se encaixando.
Padre Novack, que dirigia o carro da CNBB com Dom Luciano, me deixou na esquina do jornal e, no domingo, a “Folha de São Paulo” anunciava em letras grandes e pequenas que o morto durante a emboscada que os camponeses fizeram não era um policial militar do Pará. Era pistoleiro dos grileiros que expulsavam os camponeses sem terra. Era a prova explícita de que os agentes do Estado serviam aos interesses dos selvagens fazendeiros,
E eu, que nem estava de plantão naquele sábado de aventura, no domingo li a matéria que estava bem tratada, li os jornais do dia na banca da esquina, peguei minhas filhotas e fui para clube, com a consciência de dever cumprido*
*Muito cedo, bem antes dos 20 anos, honrando a tradição de minha famĺia, fiz minha profissão de fé para a vida. A de defender os dominados contra os dominadores. Fossem quem fossem. E continuo leal a esse prncípio,
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